Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 30 de junho de 2009

Pele escura


A tua pele
Era escura.
Podia ser negra
De África
Ou da Índia.
Mas o olho era azul
E o cabelo bem claro.
Donde eras tu,
Com esse aspecto tão raro?
Tinhas uma pele sedosa,
Dir-se-ia de mulher.
Eras de terra distante
Como distante era o teu ar
E a língua que falavas.
Só não sei porque me vens
Tanta vez
Ao pensamento.
Deve ser dessa estranha mistura,
Que em mim encontra alento
E me leva a divagar
Numa sadia loucura!
Helena

O telefonema

Olho o telefone
À espera que toque.
Ficaste de falar,
Vai para um mês.
E eu acreditei
Que estavas apaixonado
Que só pensavas em mim.
Afinal, não era assim,
Era apenas
O interesse duma noite
Bem passada
Numa cama requentada.
Agora sei que o telefone
Não vai tocar.
Mas ainda espero.

Helena

As tuas mãos

Gosto de mãos.
Não das minhas,
Mas das tuas.
Esguias e expressivas,
Não são bonitas sequer.
Mas falam
Mais do que a tua voz.
Umas vezes dão-me carinho,
Outras provocam-me,
Outras, ainda, castigam-me.
Hoje têm rugas e veias salientes
Que marcam a tua idade.
Mas quando olho para elas
És tu que eu vejo,
Antigamente.
Helena

domingo, 28 de junho de 2009

Anos depois

Entrei na sala onde estavas,
Mas não te vi.
A reunião começou.
E, de repente, ouvi a tua voz
Quente e discreta,
Mas que se impôs.
Tudo o que disseste,
Eu pensava.
Do lugar onde estava
Não te via
Mas sentia-te.
No fim, saiste primeiro.
Nunca mais te vi.
Os anos foram passando
E, surpresa, um dia,
Acabei por te encontrar aqui!

Helena

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Paris

A minha mão na tua,
Caminhamos pela rua,
No Sena paramos
E ficamos a olhá-lo,
Ou a a olhar-nos,
Felizes,
Fugidos do mundo.
Na Coupole
Ficamos a ver
Quem passa.
No Louvre
Ficamos emocionados.
Em Notre Dame rezamos.
No fim do dia descansamos
E amanhã recomeçamos,
A tua mão na minha!

Helena

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Um dia normal

Era um dia normal
Chuvoso
Quando nos cruzámos
Nos olhámos
E nos fixámos.
Mas não parámos.
Devíamos, talvez.
À noite
Soube que morreras
Nessa tarde.
Não parámos,
Devíamos, talvez...

Helena

Chocolate claro

É cor de chocolate
Claro, muito claro.
É de África,
De Angola,
E de Portugal também.
Tem a marca
Da sedução
No que escreve
No que fala
E no modo como se move.
De lá
Para cá
De cá
Para lá
Abrindo o nosso coração...

Helena

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nem sempre sei

Nem sempre sei de mim,
Nem sempre sei de ti.
Só sei
Que sem ti
Me perco
De mim!

Helena

domingo, 14 de junho de 2009

Nós e laços

Desejo de ti
Ou saudade de mim?
Desejo de nós.
Dos laços,
Que tecemos,
A sós.
E dos nós,
Que, sem querer,
Quebrámos
Assim!


Helena

Desejo

Revejo,
Imagino?
Ou vejo?
Desejo,
Apenas,
Que o que vejo
Seja mais
Do que desejo...


Helena

sábado, 13 de junho de 2009

Sal

Sal.
Sol.
Ambos vitais,
Porque o sol
É o sal
Da nossa vida!

Helena

quarta-feira, 10 de junho de 2009

À Ana Maria

Era Ana
E também Maria.
Solteira ela,
Casada eu.
Morreu
Como viveu,
Transbordando alegria.
A sua mão na minha,
Solteira ela,
Divorciada eu.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Brincadeiras

Eram brincadeiras de criança,
Numa descoberta do tacto
E do sabor tambem.
Foi descoberta do corpo,
Do cheiro,
E do saber também.
Crescemos.
Sabemos.
Mas perdemos
Uma parte
Desse bem...

Helena

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A minha Avó

Uma frágil figura,
Umas mãos pequenas.
Um rosto sereno,
Um olhar de mel.
Chamava-se Joana,
Era minha avó
E o amor da minha criancice.
Um dia, partiu
Sem dizer adeus.
De repente, perdi
A infância e uma parcela de Deus.

Helena