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sábado, 19 de janeiro de 2013

A mulher do espelho

O que é que o espelho nos mostra?
O que somos hoje ou o que fomos ontem?
Nunca sei.
Porque a mulher que eu vejo
Não é a mulher que eu sou.
E a mulher que eu sou,
Nenhum espelho mostra.
O espelho inverte a imagem
Por isso aquela que ali está
É outra que, até não existe
Em mim.
Mas que os outros julgam ser eu.

Helena

2 comentários:

  1. maravilhoso, como sempre.

    Vânia

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  2. Cara Senhora D. Helena
    Muitas foram as vezes em que pensei enviar-lhe uma mensagem deste gênero, mas outras tantas desisti. A vergonha, o temor de ser inconveniente ou sei lá....silenciaram-me. Mas hoje quero falar-lhe, quero contar-lhe a minha história,na qual, sem o saber, e à distancia de um televisor, a SªDªHelena teve um papel preponderante.
    Chamo-me Mónica, tenho 37 anos, 4 filhos e estou neste momento a terminar a licenciatura em direito na universidade católica.
    Provavelmente, nesta altura, perguntar-se-à porque lhe conto tudo isto...faço-o, porque foram as suas palavras, num programa de televisão que me impulsionaram a dar uma volta na minha vida e a procurar uma parte de mim que se tinha perdido no tempo.
    Aos 17 anos entrei na faculdade; queria mudar o mundo, escolhi direito.Depois paulatinamente o desencanto instala-se e outras paixões tomam conta do meu coração....o meu marido,Ilídio, e depois os filhos que o casamento nos foi trazendo.
    Quando engravidei da Catarina ( a primeira dos quatro) desisti da faculdade....arrumei esse capítulo da minha vida num canto da minha história e dediquei-me com todo o empenho e carinho à Catarina, à Isabel, ao David e à Lúcia....os meus queridos filhos. A estudante de direito deu lugar à esposa,à mãe, à dona de casa, e afins...
    Os anos foram passando, os meninos cresceram e a minha vida permanecia numa doce estagnação, até que um dia enquanto fazia as tarefas domésticas a ouvi dizer: "...atenção às senhoras que ficam em casa a tratar dos filhos e do marido, os filhos crescem, os maridos arranjam outras mais novas, e elas ficam sós e de mãos vazias.." Olhei as minhas mãos, visualizei-as vazias.....olhei-me no espelho da cômoda e vi um rosto envelhecido....e aí senti saudades da Mónica de outrora, da estudante de direito. Senti saudades duma parte de mim que se tinha perdido no tempo. De repente já não me chegava ser esposa, ser mãe, faltava-me mais alguma coisa.
    E fui à procura dessa Mónica.
    Hoje, dois anos volvidos estou a terminar a licenciatura. O caminho é dífícil e com muitos obstáculos mas aquelas palavras que ouvi enquanto fazia a cama ainda me perduram no ouvido e impelem-me a avançar.Hoje sinto-me mais feliz. E ainda que não venha a conseguir sair do lugar onde estava, sei que já percorri um caminho imenso...e é tão bom caminhar!
    Aquelas palavras foram as suas palavras, e por elas lhe digo verdadeiramente OBRIGADO!
    Que Deus a abencôe!
    Mónica Carreira

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