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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Quando morre um amigo

Quando morre um amigo,
Vão com ele as lembranças
De risos e penas comuns.
Quando morre um amigo,
Damos um passo para o fim
Que se torna mais próximo.
Quando morre um amigo,
Ficamos sempre mais pobres.
Quando morre um amigo,
Ninguem o pode substituir.
Quando morre um amigo,
Morre, sempre, um bocado de nós!

Helena

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Há dias assim

Hoje acordei tranquila
Hoje não me lembrei de ti
Hoje não tive más notícias
Hoje não liguei a televisão
Hoje só pensei em mim
Hoje passeei ao sol
Hoje senti-me feliz
Hoje é dia 4 de Novembro
Hoje faz anos que te conheci!

Helena

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Alguém

Não era importante,
Mas importava-se.
Falava pouco,
Mas fazia muito.
Não comentava,
Mas comentavam-no.
Não prejudicava os outros,
Mas era prejudicado.
Não roubava,
Mas era roubado.
Amou intensamente,
Mas não foi amado.
Viveu e morreu
Como um santo,
Mas não foi reconhecido.

Helena

Tão bom!

Passear de mão dada
Na tua.
Sentar-me no jardim
Contigo.
Olhar os teus olhos
No fundo.
Acariciar os teus cabelos
Com ternura.
Beijar a tua boca
Com amor.
Percorrer o teu corpo
Com desejo.
Fazer amor contigo
Com paixão.
Enlaçarmo-nos um no outro
Esgotados.
E dormir, enfim,
Nos teus braços
Enrolados à volta de mim!

Helena

domingo, 22 de agosto de 2010

Tão pouco, afinal!

Ver o rio e passear
Dar-te a mão e caminhar
Beijar-te com sofreguidão
Matar a sede e beber
A água límpida da fonte.
Daquela que seca no Verão,
Mas jorra, em força, no Inverno.
Apanhar chuva e dançar,
Pular nas poças do chão.
Entregar-me nos teus braços,
Consumir esta paixão
Abraçar-te a vida inteira.
Rir, com gosto, de nós
E da vida que levássemos.
Tudo isto faria de mim
A mais feliz das mulheres,
A mais fogosa guerreira.

Helena

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Chuva

Gosto de ouvir chover
Esquecida daqueles
A quem a chuva faz sofrer.
Há dias em que não sou boa,
Em que só penso em mim.
Enrolada nos cobertores,
Toda anichada em ti,
Aqueço-me no teu corpo
E oiço a chuva a cair.
Primeiro fraca,
Depois mais forte,
Até, lá para diante, parar
E eu, nos teus braços,
Adormecer a sorrir!

Helena

domingo, 6 de junho de 2010

Cheiros

Os cheiros
São lembranças.
O de lavanda.
Meu Pai.
O de flores,
Minha Mãe.
O de cera,
Meus avós.
O de rosas,
Crianças.
O de suor,
Trabalho.
O de corpo,
Amor.
O de açucar queimado,
Doces.
O de doces,
Teus beijos roubados!

Helena

sábado, 27 de março de 2010

Lágrimas

Lágrimas são gotas
Que doem
Ou que aliviam.
São bocados de vida
Chorados.
Lembranças presentes
De alegrias e mágoas.
São bocados de mim,
São bocados de ti,
Que um dia
Foram bocados de nós.

Helena

terça-feira, 16 de março de 2010

As tuas mãos

Não são bonitas,
As tuas mãos.
São curtas e largas,
Cheias, sem graça.
Eu sei,
Mas são as tuas mãos.
Que me conhecem,
Que me acarinharam,
Que me agarraram,
E que, um dia,
Me largaram.
Mas são as tuas mãos.
Esquecê-las,
Era esquecer-me de mim,
De ti,
E, quem sabe?
Talvez, mesmo, de nós!

Helena

domingo, 14 de março de 2010

Memória

Gosto de memorizar
Aquilo em que não quero pensar.
Tabuadas, telefones, ou moradas.
Mas quero ter memória,
O que é muito diferente.
Memória para recordar
O que foi bom,
E esquecer o que foi triste,
Ou mesmo deprimente.
Quero recordar os amigos,
Os filhos pequenos,
Os pais, os avós e os netos.
Quero recordar-te a ti,
Quando ainda eramos nós.
E esquecer
Quando deixámos de o ser!

Helena

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tempo

Há um tempo
Sem tempo.
E gente que não tem tempo
Para dar tempo
Ao tempo que ainda tem.
Mas um dia virá,
Em que o tempo abundará.
Só que então
O tempo jamais será
Um tempo de doação.
Será um tempo solitário,
Um tempo de quem espera,
Um tempo já sem tempo
Para dar ao tempo
Que se tem.

Helena

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Rima

Gosto de rimas
E de risos
Que nem sempre rimam
Com os avisos
De quem rema
Contra a maré.
Mas na rima
Dos meus remos
Estás tu
E a minha fé.
Fé divina
Na maré
Que me lança na praia
Sem nunca perder o pé!

Helena

Fui

Vou indo
Chorando ou rindo,
Vou indo.
Um dia virá que fui,
Sem ter sido
Quem queria,
Sem ter sentido
Que sabia
O que queria.
Quem diria?

Helena